É comum, quando se apresenta a disciplina de redação e seus pressupostos, que se desenvolva o conceito de que a ideia é o mais importante. Como os que leram meu livro, viram os vídeos e acompanham o blog sabem, não, não é. O mais importante em uma redação é a estrutura.

Todavia, a partir do momento em que a estrutura está bem arranjada, as ideias podem ser bem dispostas sobre ela e, aí sim, ganham enorme importância. E não custa enfatizar: as ideias são imprescindíveis quando, e somente quando, são dispostas em uma estrutura bem montada.

Evidência disto é a Competência II do ENEM que, a meu ver, é a mais importante de todas as cinco exigidas, pois fala da colocação das ideias sobre a ESTRUTURA dissertativo-argumentativa, e preferencialmente ideias que sejam oriundas do repertório sociocultural dxs alunxs, alheias à coletânea.

Isso quer dizer que, preferencialmente, a maior parte ou a totalidade das referências a serem utilizadas na escrita de um texto devem vir não do texto base fornecido nos exames, mas do conhecimento de mundo dxs estudantxs. E então atingimos o ponto principal desse post: deixar claro o trabalho dessas referências.

Podemos chama-las de “ilustrações”, pois, com essa nomenclatura, atingimos em cheio sua função: a de iluminar os textos, “lançando luz” sobre eles. Uma boa referência, além de ajudar a defender o ponto de vista enfatizado na tese, ilumina a escrita de uma forma que se cria inteligência.

Obviamente, não se fala aqui de uma criação literal de algo como um ser vivo ou uma inteligência artificial, mas sim de um movimento de valorização do autor e de sua argumentação, por meio de uma construção conceitual feita por conta da colocação da referência e – tão importante quanto – a construção de um raciocínio apoiado nela.

Não basta fazer uma bela citação ou uma analogia elaborada: é preciso estender a colocação da referência com um raciocínio agregado, que é um pensamento feito sobre o que se usou como ilustração. Isso é vital e, aliás, QUALQUER referência vale se houver um bom raciocínio que a acompanhe.

No meu livro e em minhas aulas, trabalho com modelos de texto que se valem tanto de referenciais mais conhecidos e sacramentados, como o livro 1984, de George Orwell, como os clipes da Katy Perry e as histórias do Tio Patinhas.

Sempre, sempre, desenvolvendo bons raciocínios derivados, pois de nada adianta citar Shakespeare ou José Saramago se não se raciocina sobre esses referenciais na redação.

Uma ilustração pode ser uma citação parcial, uma citação integral, uma paráfrase ou uma analogia, mas essas têm que ser apenas as bases sobre as quais se desenvolve o pensamento, expresso em forma de texto. Lembrem: a redação é dissertativo-argumentativa, é preciso, além de dissertar (falar a respeito), argumentar a respeito. Pratiquem isto com constância e seus textos – e seu raciocínio – melhorarão. Sem dúvida nenhuma.

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